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A Tradução Audiovisual

By Maaria | Published  03/24/2008 | Portuguese | Recommendation:RateSecARateSecARateSecARateSecARateSecI
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Author:
Maaria
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A tradução audiovisual caracteriza-se essencialmente pela redução. Tradução ou tradaptação, define-se por um conjunto de estratégias necessárias a que um filme seja, tanto quanto possível, compreensível na língua de chegada. Consiste, antes de mais, numa selecção que recorre ainda à adaptação, à compensação e à reformulação, métodos que visam ajustar a legendagem à velocidade de leitura do espectador. Não constituindo por si só um texto mas estando antes intrinsecamente ligado à imagem e ao som do filme, a tradução audiovisual funciona como um intermediário. A sua função é dar conta dos factores linguísticos (diálogos, letreiros, etc.) que, de outro modo, não seriam apreendidos pelo espectador da língua de chegada, sem, contudo, sobrecarregar o filme com informação, de forma a não desviar excessivamente a atenção. Ao mesmo tempo que facilitam a compreensão do filme, as legendas devem ser breves, não exigindo do espectador mais atenção visual e cognitiva do que a estritamente necessária. Não se pode por isso esperar que a legendagem de um filme constitua uma tradução integral dos diálogos - a menos que estes sejam extremamente escassos e curtos. Na transferência linguística audiovisual, colocam-se, em suma, três questões primordiais: a relação entre imagens, sons e palavras; a relação entre língua estrangeira e língua de chegada; e a relação entre o código oral e o código escrito. A modalidade de tradução subjacente à legendagem surge assim como uma forma de tradução diagonal, uma vez que implica a transformação de um original em código oral para um produto traduzido em código escrito. No entanto, o texto oral não é o único componente a ter em conta neste processo. Assim como as imagens do filme funcionam na sua relação com os sons, também as legendas estão intimamente ligadas a ambos. Este aspecto determina que o que está explicitamente impresso numa imagem não tenha necessariamente de ser repetido nas legendas. A tradução interlinguística obedece a duas formas de tradução intersemiótica: a reformulação do registo oral através do registo escrito e a relação entre os dados transmitidos tanto por signos verbais como por signos não verbais. Ao conteúdo do discurso oral juntam-se o ritmo, a entonação, a expressão, o gesto, justapondo-se, num relação simbiótica, ao texto das legendas.
Assume-se, por isso, que o grau de redundância de texto varia em função do género do material audiovisual. Quanto mais estereotipado for o esquema narrativo, a caracterização e, consequentemente, os diálogos das personagens de um filme, mais redundante se torna o texto. Pelo contrário, quando num filme é notória a tentativa de fugir aos estereótipos e de desenvolver uma narrativa centrada na construção das personagens, o texto é tendencialmente privilegiado. Num caso e noutro, são diferentes as estratégias de redução e omissão empregues pela legendagem.
Relativamente às reduções, identificam-se dois tipos: as reduções parciais, que envolvem a condensação ou a concisão, e as reduções totais, que correspondem à eliminação de material. O tradutor vê-se permanentemente obrigado a seleccionar aquilo que na frase não é determinante para a compreensão do filme e a reformular aquilo que é importante.
Por outro lado, é evidente que a expressão oral recorre a uma grande quantidade de elementos linguísticos que se revelam dispensáveis no formato escrito. O discurso fílmico, caracterizado por um elevado grau de oralidade, reflecte, assim, um alto grau de redundância, sendo que os elementos mais susceptíveis de desaparecerem na legendagem são os que cumprem uma função interpessoal. Nesses casos, a redução formal não implica uma simplificação retórica, uma vez que os elementos prosódicos são apreendidos independentemente do texto das legendas, ou seja, independentemente da tradução.
Ainda que o discurso oral de um filme não seja, na verdade, um diálogo natural, mas antes uma linguagem que pretende criar a ilusão de naturalidade e espontaneidade, é certo que a mensagem oral vem acompanhada de uma série de factores prosódicos e paralinguísticos que transmitem uma grande quantidade de informação suplementar às palavras escritas. Assim, a legendagem é, por natureza, fragmentária, uma vez que apenas pode pretender representar os elementos sintácticos e lexicais do discurso oral. Por outro lado, o seu registo linguístico integra a um tempo características próprias do discurso oral - frases relativamente curtas e um vocabulário simples – e o discurso escrito, que pressupõe uma sintaxe correcta e a eliminação de instâncias redundantes.
Num contexto geral, a tradução audiovisual deve não só ter em conta os géneros e estilos de filmes ou de programas, mas também o receptor na sua diversidade sócio-cultural e de hábitos de leitura. Ao mesmo tempo, deve considerar o suporte de exibição, uma vez que os seus parâmetros diferem. Estima-se que, para uma longa-metragem 35 mm de 90 minutos, o número de legendagens ronde os 900 nas salas de cinema, os 750 quando é editado em vídeo, e os 650 quando exibido na televisão. Evidentemente, considerando os diferentes graus de redução a que deve cingir-se, a qualidade da legendagem varia de acordo com o tipo de formato a que se destina.


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